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2.12.01


Eu amo a perda.

Só a perda abre caminho para o novo,
e o novo é sempre fascinante.

Mas o fascínio também se perde,
e então eu preciso de um novo novo.

E assim por diante.

Acontece que sou sempre tentado
a iniciar um processo de perda vitoriosa de todo objeto amado,
porque em mim existe uma infinita vontade
de mais amar
aquilo que começo a perder.

Para que não ocorra o apego,
a massacrante ditadura do apego.

Então, quanto mais a perda se instala, mais eu tenho
a contraditória certeza
de que amo aquilo que passo a perder.

É a vida em constante movimento.

Tudo se transforma.

Tudo se modifica.

Só o que está morto é que se perde!




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