Páginas

11.7.05

I celebrate Myself


Esta noite eu fiquei com meu maior amor.


Preparei um jantar especial, porém simples: peito de frango desfiado com manga e milho verde, e uma colorida salada zen.

Abri a primeira garrafa de vinho ali pelas dez da noite, enquanto a outra me esperava sorrindo na caçamba. Pedi a Jon Bon Jovi que cantasse para mim. Só ele vai cantar aqui esta noite. It´s Just Me. As luzes foram apagadas, exceto uma, e o telefone, desligado. Uma rosa vermelha na garrafa vazia de New Age ali no chão. A banheira quase cheia, borbulhando, a água na temperatura certa.

Nenhuma possibilidade de que eu venha a ser perturbado, nem mesmo em nome do amor.

É uma escolha consciente que fiz. Sem aceitar nenhum convite, sem ir às festas, sem ir à praia, sem ver os fogos de artifício, sem saltar as ondas. Sem ver a multidão.

Sinto que à meia-noite a noite ainda é uma noite inteira. Inteira, profunda e disponível. Fico me lembrando de todos os meus amores, mas agora estou apenas com o maior deles: Eu.



E foi assim que virei o ano de ponta-cabeça: sozinho.

Gloriosamente sozinho.




Claro que depois da massagem, depois do banho, depois das gargalhadas e dos poemas escritos mentalmente, depois que o samurai que mora em mim desferiu alguns golpes com a katana, entrei num processo meditativo por duas ou três horas. Sempre ao som de Jon Bon Jovi. Espalhei óleo de amêndoas pelo meu corpo e fiquei dançando comigo mesmo.


De olhos bem fechados.


Lembrei-me de Osho e daquela meditação extraordinária que ele um dia me ensinou. E fui interiorizando a sensualidade que já me cobria. Essa meditação tântrica religiosa, vocês sabem, transforma o corpo da gente num enorme clitóris. E depois dela o Orgasmo logo chega, de modo feminino, calmo, gracioso, elegante, inesquecível.


Orgasmo a gente deve ter o ano inteiro, mas no primeiro dia eu acho que é simbólico e dá sorte. Deveria fazer parte de todas as festas de Réveillon...


Por falar em Orgasmo, quando eu ainda estava na banheira me lembrei de Freud, e do que ele disse sobre a "inveja do pênis" que as mulheres, segundo ele, têm. Acabei concluindo que eu também tenho uma certa "inveja do clitóris". Um dia ainda vou teorizar sobre esse fantástico tema. Mas, naquele momento de alegria, só consegui pensar em coisas cômicas que me fizeram dar risadas muito gostosas.


Por exemplo: fiquei imaginando uma cirurgia que pudesse implantar no meu corpo uns dois ou três clitóris. Sem perder nenhuma das minhas capacidades atuais, claro. Eu escolheria instalar um clitóris no lóbulo da orelha esquerda, que é pra poder ficar acariciando-o a toda hora, discretamente. O segundo eu mandaria instalar no céu da boca, para poder ficar tocando nele o tempo todo com minha língua louca e lúbrica. Ou chupando bala. Já pensou: cada balinha um Orgasmo...


O terceiro... o terceiro ainda não decidi onde. Aceito sugestões.


Pois é.

Foi mais ou menos assim que eu passei meu Réveillon.


Meditando.




Um dado importante: isto não é ficção.

A única coisa não verdadeira nesse relato é a rosa vermelha na garrafa. Como não saio de casa há três dias, não pude comprar flores. Por isso utilizei uma tulipa amarela artificial. Mas, convenhamos, não ficaria bem uma tulipa amarela no texto... Por isso usei da licença poética.

Um comentário:

Blendinhapss disse...

que lindo