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25.11.05

Sem fome



Sem fome, sem sono, sem culpa, sem medo e sem dor.

Sem ciúmes, sem pressa, sem ódio, sem apego e sem pressões. Sem expectativas, sem promessas, sem cobranças, sem vergonha, e sensível. Sem medo. Sem controle. Sem juízo. Sentindo-me amado com delícia e liberdade, e amando com grandeza e ousadia. Sentindo-me íntimo da transitoriedade. Buscando o equilíbrio no instável, no insólito, no inesperado, no inexistente... Sentindo-me passageiro numa viagem louca e sem destino. Percorrendo caminhos ainda não trilhados. Ficando cada vez mais e mais perplexo, fascinado e encantado com os novos horizontes. Amando as surpresas todas no momento mesmo em que acontecem.

Quebrando barreiras, de modo irreversível.

Ultrapassando limites.

Buscando (e encontrando!) a essência de cada coisa nela mesma. Compreendendo as razões também daqueles que não conseguem me compreender. Podendo até ser julgado por minhas atitudes desprendidas e por meu comportamento fora de padrão... Podendo (é claro) ser julgado, mas condenado, jamais!

Vivendo o mais profundo, o mais criativo, o mais sensual, o mais inocente e o mais sagrado período da minha vida. Sugando a delícia doce da substância pura de todas as coisas livres. Vivendo as maiores e as mais altíssimas paixões da minha vida, e vibrando com tudo que me toca. Sentindo-me a cada momento como se Deus me estivesse cobrindo com as flores das flores das flores.

Inundado de carinho e gratidão.

Dançando nas minhas próprias emoções.

Com a cabeça nas nuvens, e o coração no infinito.

Portanto, o que mais posso eu querer da vida, além de amores breves e brilhantes, crepúsculos cor de abóbora, óleo de amêndoas doces, rosas brancas e vermelhas, taças de vinho transbordantes, muita liberdade, muita alegria, saúde, poesia, tesão, gostosura... e tempo livre para viver tudo isso?

O que mais posso eu querer da vida?

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