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16.3.10

Jenny Lou

Vejo duas havaianas branquinhas que ela deixou no corredor. Jenny Lou acabou de chegar pela segunda ou terceira vez, e o fato de entrar descalça me diz alguma coisa. Quero partilhar minha sensibilidade com você. Tem horas que eu sinto tanto, tanto, que nem consigo sentir tudo sozinho, e preciso repartir as emoções em toneladas. A nave pulsante do meu vôo intelectual é movida com a energia mais potente que existe no universo — orgasmo! Meu coração — motor à explosão. E o combustível é tesão nuclear a quente.

Jenny Lou fica dançando algum tempo ali na sala.

"Santa madre de diós!" — a princesinha está com um biquini de crochê, quase cor da pele. Santa madrecita de diós. São 12h37 deste dia que é eterno. Uma princesa esculpida por Michelangelo no momento mais inspirado de sua vida. Hoje ela dormiu em minha casa e acordei pensando nela. Nada mais havia no meu cérebro, além da sua imagem. Meu hipotálamo, cerebelo, córtex — tudo refletia o que vi ontem à noite na horizontal mais diabólica que um deus se permite. Momento inspirado da vida de Michelangelo e da minha, a princesa descalça me encanta. Seus olhos verdes, seus cabelos de trigo, seus peitinhos começando a despontar, a futura mulher já me abraça forte — e sinto seu corpo colado ao meu, explodindo.

Uma bomba anatômica!

Até as músicas já ouvidas me parecem novas, hoje. Cortei laranjas em pedacinhos para colocar na sua boca, senti nos meus dedos sua respiração de cerejas, e seu umbiguinho — ah! — como meu indicador vibrou tanto quando penetrou nele, como se fosse fundo. Ela tem um corpo que parece alma. Bela e frágil como orquídea de estufa. Deve ter quarenta mil, oitocentos e noventa e sete gramas de gostosura, distribuídos por mil e seiscentos milímetros de altura. Meus lençóis agora brigam no armário para ver qual deles será o escolhido para recebê-la sobre si esta noite.


Esta é a página 167 do meu livro Teoria do Acaso.

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