Eu supero uma norma sufocante, ultrapasso com amor e alegria uma pequena lei moral, salto por sobre um preconceito medieval que não é meu, e cometo alguns pecadinhos inocentes, deliciosos e profundos. Só por isso, eles, os formuladores de regras absurdas, já me apontam o dedo e ameaçam me punir. Acontece que eles — os juízes da moral conservadora — rompem todo dia com a Razão da própria Vida, e com toda a Lógica do mundo, e nem se dão conta dessa enorme barbaridade. Esses infelizes violam todo dia as Leis da Natureza, e acham isso absolutamente normal...
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Quando eu digo que toda viagem tem retorno, parece que não sou bem compreendido. Aliás, nem é mesmo para ser: eu produzo metáforas — e quem produz metáforas não busca compreensão. Aquele outro que viajava com pássaros do céu e cheirava delírios do campo também não era muito bem compreendido... Porque o retorno a que me refiro não é apenas geográfico: é o retorno em termos de investimento, mesmo. É o lucro, o ganho, a vantagem — a experiência que uma viagem nos traz, mesmo que não haja o retorno físico para o lugar de onde se partiu. Até porque, nessa perspectiva, não há retorno efetivo jamais. Somos outros quando voltamos. Uma viagem nos transforma; às vezes para sempre — e de modo irreversível. Quem já fez ou conhece a história do Caminho de Santiago sabe disso. Quem já foi ao Monte das Oliveiras ou ao Pico do Jaraguá sabe disso. Quem já veio à Bahia em busca de aventuras e surpresas, sabe disso. Quem já saltou de pára-quedas ou desceu correnteza ou subiu as cachoeiras de São Francisco, também. Quem corre riscos com certa frequência, quem ama a liberdade absoluta — quem ama a Vida absoluta — sabe do que estou falando. Os destemidos e os loucos inteligentes sabem disso. Até Sêneca dizia que a sorte favorece os destemidos.
Quero te fazer umas perguntas, cujas respostas podem me dizer quem você é:
Especialmente em questões subjetivas — tais como amor e liberdade, família e religião, psicologia e direito, casamento e política, dinheiro e negócios — quando você NÃO CONCORDA com determinadas concepções alheias, também considera que a razão, no fundo, pode estar com o outro?
Especialmente em questões subjetivas — tais como amor e liberdade, família e religião, psicologia e direito, casamento e política, dinheiro e negócios — quando você NÃO CONCORDA com determinadas concepções alheias, também considera que a razão, no fundo, pode estar com o outro?
Em certos debates, em certas discussões, você costuma ter abertura intelectual suficiente para eventualmente considerar que o ponto de vista contrário ao teu pode estar até mais próximo da verdade?
Na vida, você já não defendeu valores, ideias e proposições que depois envelheceram, desesperadamente?
Você já não teve tantas e tantas certezas absolutas que mais tarde foram fulminadas pelo tempo, pela experiência — e, principalmente, pelo estudo?
Sobre certos assuntos, você já não mudou de ideia muitas e muitas vezes?
E será que agora você nunca mais vai mudar?
Será que você, neste exato momento da tua vida, já chegou a todas as conclusões possíveis?
O poema Mude no comercial da Fiat.
Sônia tem treze anos, e é linda. Sensualíssima. Convidado por ela, vamos ao cinema. Sentamos lá na última fila. Quando as luzes se apagam, ela desliza suavemente sua mão esquerda por minha perna, e ficamos de mãos dadas, enternecidos. Meu coração dispara de alegria. Nem me lembro do filme, mas sei que tinha John Wayne. Quando a sala se ilumina em certas cenas, eu vejo que a outra mão dela está entre as duas do Júnior, um amigo meu. A princípio, estranhei um pouco, mas a parte de Sônia que me tocava continuava comigo...
E assim, por muitos filmes e muitas e muitas noites de claro amor inocente, eu aprendi a compartilhar a musa até hoje inesquecível. Eu tinha então doze anos — e isso mudou minha vida para sempre. Aprendi que ninguém é dono de ninguém. E o que é mais importante: ninguém é propriedade de ninguém.
E assim, por muitos filmes e muitas e muitas noites de claro amor inocente, eu aprendi a compartilhar a musa até hoje inesquecível. Eu tinha então doze anos — e isso mudou minha vida para sempre. Aprendi que ninguém é dono de ninguém. E o que é mais importante: ninguém é propriedade de ninguém.
— Irresponsável, Swami, irresponsável é aquele que não se aventura, não se joga no escuro profundo da Vida. Irresponsável é aquele que só segue os caminhos já trilhados, só visita os lugares que existem nos mapas. Irresponsável é aquele que segue apenas o rebanho. Não corre riscos, não aspira ser mais, não deseja, não vibra, e pouco a pouco vai deixando até de sonhar. Esse é o verdadeiro irresponsável: em vez de voar, chafurda no pútrido lodo do medo e da covardia...
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